Menos de um ano após o Brasil recuperar o status de país livre do sarampo, um novo alerta reacende a preocupação das autoridades de saúde. Um surto da doença na Bolívia já contabiliza mais de 237 casos em 2025, segundo o governo boliviano, e ao menos 22 casos foram importados para o Brasil, conforme confirmaram as autoridades nacionais.
Em novembro de 2024, o país recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) o certificado de erradicação da circulação do vírus, um marco que só foi possível após seis anos de esforço, desde o retorno da doença em 2019. Agora, a ameaça volta a rondar, especialmente por conta da extensa fronteira com a Bolívia, que tem mais de 3.400 quilômetros e passa por estados como Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Diante do risco de reintrodução do vírus, especialistas reforçam que a vacinação é a única forma eficaz de prevenção. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. Ela é recomendada para pessoas de 12 meses a 59 anos. A imunização completa envolve duas doses: uma aos 12 meses de idade e outra aos 15 meses. Quem não tem certeza se já foi vacinado deve procurar uma unidade de saúde para iniciar ou completar o esquema.
O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo. Em ambientes fechados, a taxa de transmissão pode chegar a 90% entre pessoas não vacinadas. O vírus é transmitido tanto por gotículas respiratórias — ao tossir, falar ou espirrar — quanto por contato com superfícies contaminadas, como maçanetas e brinquedos. Por isso, escolas, creches, transportes públicos e outros locais com aglomeração e pouca ventilação aumentam o risco de disseminação.
Os sintomas mais comuns incluem febre alta, mal-estar, conjuntivite, manchas pelo corpo e perda de apetite. Em casos mais graves, o sarampo pode causar complicações como pneumonia, encefalite e desidratação. Além disso, a infecção compromete a memória imunológica do organismo, tornando a pessoa mais suscetível a outras doenças por um período.
A mortalidade associada à doença pode chegar a 10% em contextos de maior vulnerabilidade, como entre crianças desnutridas, imunossuprimidos e pessoas com deficiência de vitamina A — uma realidade que ainda afeta muitas regiões brasileiras.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde alerta para a importância de manter a vacinação em dia e reforça a vigilância nas regiões de fronteira. A ameaça de novos surtos ainda é real, e a prevenção continua sendo o caminho mais seguro para evitar que o país perca novamente o controle sobre o sarampo.


